em casa

inácio

Querida recém-mãe,


A gente se sente uma bosta quando descobre que a babá eletrônica estava desligada e o bebê chorava sem que ninguém escutasse.


Dói na alma quando um grito nos avisa que a água da banheira, da mamadeira ou da sopa estava quente demais. E que por distração não testamos antes de dar.


Incomodam as sensações que nem são nossas, mas que ficamos imaginando mentalmente: como a cólica que não somos capazes de sanar, o xixi que vazou, ensopou a roupinha na madrugada e ninguém viu. Ou o dedinho que prendeu feio na gaveta e que levou alguns segundos para alguém desprender.


A culpa incomoda quando nos atrasamos (ou nos esquecemos completamente 🙋🏻‍♀️) de buscar um filho na escolinha. Ao chegar lá, a cena é de partir o coração: ele sentadinho com a secretária e a escola em silêncio, vazia.


A gente se sente um lixo quando não nos lembramos da apresentação, do dinheiro do passeio, da consulta, do aniversário (e nem me refiro ao do amiguinho, mas ao do filho mesmo 🙋🏻‍♀️).


A ideia de que poderíamos ter feito melhor facilmente se torna uma sombra. Ainda mais nos primeiros anos de maternidade.


Mas a a biologia ajuda. A vida também (mesmo que as mensagens de marketing ao seu redor digam o contrário).


Ao se sentir insegura e ansiosa em relação à maneira como cuida do seu bebê, lembre-se de que a natureza não dá ponto sem nó.


Seu filho foi programado para sobreviver aos primeiros anos de vida sendo cuidado e amado por outro ser humano.


Por alguém que se confunde, que se esquece, que pisa na bola, que se distrai, mas que ama.


Um ser amoroso e imperfeito.


Exatamente assim, como você.

Por isso levante-se e continue, sabendo que vocês ficarão bem.


Autora: @rafaelacarvalhoescritora