em casa

maria e clarice

Tome seu tempo. Respire e inspire devagar e profundamente. Desconecte-se da rapidez e das cobranças desse mundo insano. Olhe para dentro. Pegue o fôlego necessário. Saia do raso. Não se preocupe. Você saberá nadar.


Mergulhe o quanto quiser e pelo tempo que achar necessário. Observe o silêncio, escute seus pensamentos. Perceba quão extraordinário é se permitir estar imersa nessa nova realidade.


Tem poesia na boquinha banguela e no barulho do seu recém-nascido deglutindo o leite. 


Tem poesia na necessidade dele pelo seu colo e na sua entrega. Tem beleza na sua fragilidade e na do seu bebê juntas e misturadas. Tem mágica na força que vem do seu coração e no melhor cheiro do mundo, o daquele minicangote.


Vá para a frente do espelho. Olhe bem no fundo dos seus olhos. Observe com atenção. Veja quanta beleza existe em você. Agradeça o seu corpo pelo milagre que agora você pode carregar nos braços.


Não tenha vergonha dos seus sentimentos, querida. Não se sinta mal por nenhum deles. Nenhum, ouviu? Fale a respeito. Não deixe que eles te afoguem. Chore e sorria quando tiver vontade. Abrace a sua humanidade.


Receba visitas, mas só se tiver vontade. Aceite ajuda. Alivie a sua carga sem peso na consciência.


Solta. Continue a mergulhar.


Estar submersa, ao contrário do que pode parecer, é leve e maravilhoso. Especialmente se você não se cobrar, se aceitar o seu tempo, se viver a verdade desse momento.


Então, quando chegar a hora (você vai saber!), volte para a superfície. Posso te garantir que, por lá, nada terá mudado. Agora você, ah, você estará linda, forte.


Ressignificada por completo.


Texto: @maeforadacaixa