revelação
alice
Eu me lembro de acomodar todos os meus bebês assim, pequenininhos, deitados sobre o meu peito. ⠀
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Eu cantava para eles. ⠀
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Pode não fazer sentido para quem lê, mas em muitas madrugadas, enquanto repetia a mesma canção, escutava a voz da minha mãe. ⠀
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E ela cantava para mim também.⠀
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Sem querer saber se era sonho, pensamento ou alucinação, eu fechava os olhos e apenas continuava a cantar. ⠀
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Balançava na cadeira de balanço, sabendo que aquele bebezinho que dormia nos meus braços se sentia em paz.⠀
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Sabe, um dia chegará a minha vez. ⠀
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Será o meu momento de acomodar meu rosto no corpo dele, do bebê já crescido.⠀
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E como em um passe de mágica, meu corpo cansado encontrará essa mesma paz. ⠀
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Tudo fará sentido.⠀
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Com amor, ele dirá no meu ouvido que tudo ficará bem. Igual eu costumava dizer, tantas e tantas vezes, em um passado já distante. Com a mesma voz serena, querendo esconder o medo das incertezas da vida.⠀
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E, então, nossos olhares irão se cruzar. ⠀
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Em silêncio, sem reconhecermos ou identificarmos as lembranças, sem sabermos de onde vem esse sentimento tão familiar, encontraremos uma certeza. ⠀
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A nossa certeza.⠀
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A da alegria de termos caminhado juntos, sabendo que na vida tudo valeu a pena. ⠀
Pois essa história, essa nossa aventura, bonita e cheia de altos e baixos, não passou de uma roda.⠀
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Uma bela e grande roda. ⠀
Autora: @rafaelacarvalhoescritora⠀